sábado, 28 de março de 2009

SESIMBRA A “CAPITAL DO MERGULHO”

Publicado no Jornal Notícias do Mar

Fotografia - Francisco Fonseca
Texto - Mário Rocha

Portugal Profundo - SESIMBRA A “CAPITAL DO MERGULHO”

Sesimbra é, provalvelmente, o local de mergulho mais procurado e descrito na comunicação social portuguesa. Ao longo da nossa costa, muitas vezes, as condições meteorológicas são desfavoráveis aos amantes do mergulho amador. No entanto, as condições de mar em Sesimbra, permitem a pratica do mergulho durante todo no ano. Não é por acaso que esta sossegada vila piscatória foi eleita por muitos a “A Capital do Mergulho” em Portugal.

Esta nossa proposta de fim-de-semana fica a cerca de trinta e cinco quilómetros de Lisboa e a vinte e cinco de Setúbal. Também esta zona da costa está inserida no Parque Natural da Arrábida, o que condicionada ou mesmo proibe a prática de várias actividades náuticas. Apesar das restrições ao mergulho amador em determinadas áreas, ainda podemos encontrar mais de duas dezenas de locais para mergulhar. Existem locais recomendados para todo o tipo de mergulhadores: dos mais experientes aos mais novatos.

Rumo a Leste

Previamente marcadas as saídas, o sábado ficou reservado para os mergulhos mais próximos da Baia de Sesimbra. Saímos para Leste e numa rápida viagem de, aproximadamente dez minutos, chegámos à zona da Pedra do Leão. Uma pedra, que observada de longe, é semelhante ao rei da selva e cuja profundidade vai até aos doze metros. Do barco facilmente notamos a presença de algumas escolas de mergulho que procuram estas águas calmas para realizarem as suas aulas de mar. Como habitualmente, deixamo-nos ficar para o fim, para mais confortavelmente preparar o equipamento fotográfico. Ao cair na água constatamos que quase não há corrente e a visibilidade atinge os seis metros. Logo no início do mergulho encontramos uma passagem, no sentido Oeste-Leste, cujo tecto tem uma grande diversidade de flora. É o local perfeito para as primeiras fotos do dia. Foi um mergulho longo, graças à baixa profundidade, em que pudemos observar várias espécies: Sargos, Bodiões, Peixes Porco, Santolas, Sapateiras, Polvos, Rascassos e os omnipresentes Cabozes. A estrela do dia foi um pequeno Cavalo Marinho que, no final do mergulho, nos deixou um misto de alegria e tristeza: era uma novidade naquele local e no entanto a película fotográfica já chegara ao fim.

Rumo a Oeste

Após um reconfortante almoço em terra, o segundo mergulho do dia foi em sentido contrário: Baia da Baleeira. Este local, a Oeste do Porto de Abrigo de Sesimbra, fica junto à praia, numa zona protegida pela serra. Podemos descer até aos dezoito metros e observar um fundo misto de areia e pedra, de onde se destacam Espirógrafos e Nudibrânquios de várias cores. Uma observação cuidadosa permite-nos descobrir bastante peixe e algum marisco. Já de regresso a terra há quem se queixe do frio e do vento desagradável, que entretanto se levantou. No entanto, depois de um duche quente nas instalações do centro de mergulho, já ninguém se lembrava do frio. O assunto dominante eram os Peixes Lua que nos passaram à frente da máscara e a velocidade a que eles se afastavam, à mínima reação da nossa parte.

Finalmente o River

Para domingo ficaram duas saídas para Oeste e muito próximas do Cabo Espichel. Locais muito conhecidos, de maior complexidade e reservados a mergulhadores mais experientes. A viagem, em direcção ao Cabo Espichel, dura apenas vinte minutos. O primeiro mergulho do dia estava destinado ao ex-libris do mergulho na costa de Sesimbra e provavelmente o naufrágio mais conhecido entre os amantes do mergulho: River Gurara. O River Gurara era um cargueiro nigeriano que naufragou, em 1989, junto ao Cabo Espichel. Os seus destroços estão espalhados por uma vasta área, sendo as zonas da popa e da proa as mais importantes, pelo que se recomendam várias visitas. Na popa, o local mais visitado, podemos encontrar a uma profundidade de vinte e cinco metros parte da casa das máquinas e a hélice de quatro pás. A proa, por sua vez, está mais longe da costa, mais profunda (trinta e três metros) e também mais desprotegida da falésia. É neste mergulho que as alterações climatéricas, iniciadas no final do dia anterior, mais se sentem. A corrente sente-se imediatamente ao entrar na água, e impõe-se uma descida pelo cabo. Encontramos bastante suspensão, que só melhora por volta dos 18 metros permitindo, assim, obter mais algumas fotografias, tarefa bastante dificultada pela corrente. Este é um mergulho onde o uso de Nitrox pode rentabilizar bastante o tempo de fundo. A corrente é forte pelo que se recomenda o uso de uma bóia de sinalização ou patamar, pois na subida podemos ficar muito longe do barco de apoio. Este local é muito pobre, no que diz respeita à flora, mas é compensado pela fauna. Podemos ver Lírios, Sargos Veados, Polvos, Lavagantes, Sapateiras, Safios, Fanecas, Abróteas e Badejos. O que nos chama à atenção não é a quantidade de peixes mas sim as suas dimensões.

Linhas anzóis e chumbadas

Após um breve lanche de mar paramos na Ponta da Passagem. Local calmo, abrigado e óptimo para finalizar o dia. Caracterizado por uma passagem existente na rocha com um desfiladeiro semelhante ao leito de um rio. Junto à costa, podemos encontrar alguns buracos interessantes de explorar. A profundidade ronda os dez metros, mas se nos deslocarmos para Sul facilmente chegamos aos vinte metros, mas perdendo a protecção da costa. Esta é uma zona muito popular entre os pescadores desportivos, como podemos constatar pela quantidade de linhas, anzóis e chumbadas que se encontram emaranhadas no fundo, motivo pelo qual se recomenda o cuidado (até para evitar conflitos desnecessários) de não nos aproximarmos demasiado. No fundo podemos encontrar Anémonas (de várias cores), Espirógrafos, Estrelas do Mar e Esponjas, assim como, Ouriços do Mar e Pepinos Mar de diferentes cores e tamanhos. Uma Santola, um Polvo, um Choco, alguns Cabozes e Rascassos, bem como um encontro com um pequeno cardume de Sargos, foi tudo o que pudemos observar, pois devido à suspensão a visibilidade era reduzida. Assim terminámos mais um fim-de-semana dedicado ao mergulho, com a promessa de voltarmos, pois existem outros locais (Malha Branca, Arcanzil, Baixa do Cabo e Bicas, entre outros) menos conhecidos mas não menos interessantes.

River Gurara - Sesimbra


Nikonos V c/ objectiva Nikon 20mm. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Choco - Sesimbra


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Estrela do Mar em Mesas


Nikonos V c/ objectiva 35mm e anel de extensão macro. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Ouriço do Mar em Mesas


Nikonos V c/ objectiva 35mm e anel de extensão macro. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Gorgónia na Pedra do Leão


Nikonos V c/ objectiva 35mm e anel de extensão macro. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Peixe-porco - Sesimbra

Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

domingo, 22 de março de 2009

NA TERRA DOS CHARROCOS

Publicado no Jornal Notícias do Mar

Francisco Fonseca - Fotografia

Mário Rocha - Texto

PORTUGAL PROFUNDO - NA TERRA DOS CHARROCOS

Todos sabemos que Portugal continental não é propriamente o paraíso do mergulho amador… A água não está a trinta graus, a visibilidade está muito longe dos quarenta metros e a natureza pouco (ou nada) preservada. Existem pois três soluções:

- Viajar para os melhores destinos de mergulho do mundo
- Ficar em casa a assistir ao National Geographic Channel
- Tentar aproveitar o que o nosso país tem de melhor para oferecer

Para aqueles cuja bolsa, a actividade profissional ou a família não são um obstáculo, não percam tempo a ler este artigo. As portas de embarque estão quase a fechar e têm um avião para embarcar.

Aos Divemaster de sofá nós não queremos incomodar… estão quase a adormecer com a mantinha pelos joelhos.

Para os restantes corajosos, em especial os que estão agora a iniciar a sua actividade, queremos apresentar algumas propostas interessantes de mergulho ao longo da nossa vasta linha de costa. A água vai estar fria, a visibilidade reduzida, mas ainda assim estão muitos e bons mergulhos à vossa espera. Em casa é que não podem ficar!

A nossa primeira proposta é um fim-de-semana no Portinho da Arrábida.
A cerca de cinquenta quilómetros de Lisboa, na península de Setúbal, a Serra da Arrábida esconde algumas das mais belas praias de Portugal. O Portinho é um verdadeiro paraíso para os amantes da natureza. Nesta zona da costa, inserida no Parque Natural da Arrábida, está condicionada ou mesmo proibida a prática de várias actividades náuticas. A caça submarina está proibida e o mergulho amador condicionado a determinadas áreas.

Previamente marcadas as saídas com o simpático Tó Manél, responsável pelo clube de mergulho local, o sábado ficou reservado para os mergulhos mais comuns no Portinho. Saímos para Oeste e numa rápida viagem de cerca de 10 minutos chegámos à zona das Três Irmãs, uma pedra, abrigada pela falésia, que vai até aos 12 metros de profundidade. Nada melhor que um mergulho calmo e descontraído para começar a jornada. No barco facilmente notamos a presença de alguns mergulhadores recém certificados que procuram estas águas calmas para as suas primeiras aventuras subaquáticas. Deixamo-nos ficar para o fim, para mais confortavelmente preparar o equipamento fotográfico. Ao cair na água constatamos que até estamos com sorte. A visibilidade atinge os dez metros, e quase não há corrente. Logo no início do mergulho encontrámos um polvo de dimensões razoáveis, modelo perfeito para as primeiras fotos do dia. As melhores surpresas estão reservadas nos buracos na pedra, que devem ser explorados com uma boa lanterna. Foi um mergulho longo graças à baixa profundidade em que pudemos observar várias espécies: Sargos, bodiões, peixes porco, peixes lua, polvos, chocos, agulhinhas (também conhecidas por marinhas), moreias, rascassos e imensos cabozes.

No segundo mergulho do dia fomos até ao Jardim das Gorgónias. Este local é talvez um dos mais conhecidos do Portinho da Arrábida. Numa zona igualmente protegida pela serra, podemos descer até aos dezoito metros e observar uma paisagem subaquática de grande beleza onde as gorgógias, como não podia deixar de ser, são uma presença constante em múltiplas cores e dimensões. Este mergulho já vale a pena só pela riqueza do fundo, mas uma observação cuidadosa permite descobrir bastante peixe e algum marisco. Já de regresso a terra há quem se queixe de um mergulho pouco interessante, mas se o turbo se mantiver desligado e as barbatanas sossegadas, há de facto um mundo novo para descobrir. A propósito, as milhas percorridas debaixo de água não podem ser adicionadas ao cartão frequent flyer…

Para domingo ficaram duas saídas para leste. Locais menos conhecidos, de maior complexidade e reservados a mergulhadores mais experientes. Estes são mergulhos em corrente que só podem ser realizados com condições de mar favoráveis e perfeitamente coordenados com a maré.

A viagem, em direcção a Setúbal, dura apenas 15 minutos. Estamos na Gávea, na zona do Outão, entre a cimenteira (sim, continuamos no Parque Natural) e o parque de campismo.

A corrente sente-se imediatamente ao entrar na água, e impõe-se uma descida pelo cabo.
Encontramos bastante suspensão, que só melhora nos dezasseis metros. O fundo é de uma beleza estonteante, totalmente coberto por anémonas, espirógrafos e esponjas. O fundo inclinado, forma uma rampa suave que nos leva de terra às profundezas. Decidimos ficar na cota dos dezasseis metros para rentabilizar o tempo de mergulho, permitindo obter mais fotografias, tarefa bastante dificultada pela corrente, mas largamente compensada pelas oportunidades para a macro fotografia. Uma santola, alguns cabozes e rascassos e um encontro fugaz com um cardume de sargos foi tudo o que pudemos observar. Além, claro, dos omnipresentes charrocos. A quantidade e a popularidade desta espécie (um símbolo da cidade de Setúbal e alcunha dos seus habitantes), leva muitos pescadores desportivos a esta zona, encontrando-se imensos anzóis, chumbadas e linhas emaranhadas no fundo. Para evitar embaraços e conflitos desnecessários convém ter o cuidado de não nos aproximarmos demasiado de terra.

A segunda saída do dia foi para Albarquel, mais próximo de Setúbal e muito perto da praia da Figueirinha. Este é um mergulho com um grau de dificuldade superior ao anterior. A corrente é forte, sobretudo na mudança da maré. O fundo arenoso tem um forte declive entre os dezoito e os quarenta metros, é preciso bastante cuidado, pois o entusiasmo de atingir uma marca fora do comum na caderneta, associado à corrente pode resultar numa mistura explosiva.

Descemos lentamente até ao fundo por esta rampa em socalcos, e fomos encontrando várias pedras cheias de vida. Por entre ouriços e pepinos do mar, anémonas e espirógrafos, podemos encontrar em número considerável de nudibrânquios.
Para além das outras espécies comuns no estuário do Sado, encontramos largas dezenas de charrocos. Parcialmente escondido na areia ou em buracos na pedra, este peixe emite por vezes sons com a bexiga, como que nos convidando a não perturbar o seu descanso.
Por falar em descanso, convém lembrar que o ruído provocado pela deslocação de navios para o porto comercial de Setúbal pode causar alguns sustos durante o mergulho, mas o canal de navegação está na realidade a uma distância bastante segura.
Na subida para a superfície fomos acompanhados por um cardume de sargos, que fechou em beleza este fim-de-semana.

Estrela do Mar em Três Irmãs - Arrábida


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Jardim das Gorgónias - Arrábida


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 24mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Moreia em Três Irmão - Arrábida


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Caboz no Jardim das Gorgónias - Arrábida

Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Rascasso no Jardim da Gorgónias - Arrábida

Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Sabelídeo em Albarquel - Arrábida

Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Raia em Albarquel - Arrábida


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.




quinta-feira, 19 de março de 2009


Caboz no Bico dos Aguilhões - Arrábida. Nikon D70S c/ objectiva 60 micro em caixa Ikelite com janela plana. Flash DS 125.

Nudibrânqueos no Bico dos Aguilhões - Arrábida. Nikon D70S c/ objectiva 60 micro em caixa Ikelite com janela plana. Flash DS 125.

Cardume de Salemas no Bico dos Aguilhões - Arrábida. Nikon D70S c/ objectiva 60 micro em caixa Ikelite com janela plana. Flash DS 125.

quarta-feira, 11 de março de 2009


Nikon D70S c/ objectiva 60 micro. Mata de Belas.

Nikon D70S c/ objectiva 60 micro. Mata de Belas.
Nikon D70S c/ objectiva 60 micro. Mata de Belas.

sábado, 7 de março de 2009


Camarão em Três Irmãs - Arrábida. Nikon D70S c/ objectiva 60 micro em caixa Ikelite com janela plana. Flash DS 125.

Sargo em Três Irmãs - Arrábida. Nikon D70S c/ objectiva 60 micro em caixa Ikelite com janela plana. Flash DS 125.

Peixe-Porco em Três Irmãs - Arrábida. Nikon D70S c/ objectiva 60 micro em caixa Ikelite com janela plana. Flash DS 125.

Judia em Três Irmãs - Arrábida. Nikon D70S c/ objectiva 60 micro em caixa Ikelite com janela plana. Flash DS 125.