segunda-feira, 27 de abril de 2009

Moreia - Pedrinha / Arrábida


Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

Num dia de péssima visibilidade e imensa suspensão...

Espirógrafo - Pedrinha - Arrábida


Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

Num dia de péssima visibilidade e imensa suspensão...

Nudibrânquio - Pedrinha / Arrábida


Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

Num dia de péssima visibilidade e imensa suspensão...

Pedrinha / Arrábida


Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

Num dia de péssima visibilidade e imensa suspensão...

Estrela do Mar - Pedrinha / Arrábida


Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

Num dia de péssima visibilidade e imensa suspensão...

Polvo - Pedrinha / Arrábida


Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

Num dia de péssima visibilidade e imensa suspensão...

Pedrinha / Arrábida


Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

O Polvo da foto anterior exibindo outra camuflagem.

Anémona - Pedrinha / Arrábida

Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

Num dia de péssima visibilidade e imensa suspensão...

Nudibrânquio - Pedrinha / Arrábida

Nikon D 70S c/ lente Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash DS 125.

Num dia de péssima visibilidade e imensa suspensão...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

CUBA EM TONS DE AZUL

Texto: Mário Rocha
Fotografias: Francisco Fonseca

Cuba, para os europeus, não é visto como um local de excelência para o mergulho mas, no entanto, a visibilidade, a temperatura das águas e algumas espécies locais podem revelar-se uma verdadeira surpresa.

Varadero

Localizada no ponto mais setentrional da ilha de Cuba, a praia de Varadero estende-se ao longo da estreita Península de Hicacos. Os seus vinte e dois quilómetros de praia são caracterizados pela ampla franja de fina areia branca e uma suave inclinação da sua plataforma onde podemos encontrar um mar de uma incomparável gama de azuis, águas quentes e transparentes.
Os fundos marinhos de Varadero possuem mais de quarenta tipos de corais, uma grande diversidade de peixes, lagostas, camarões, caranguejos, tartarugas e mais de setenta tipos de moluscos diferentes.

Sabor a pouco

Sentimos sempre grande expectativa no primeiro mergulho efectuado numa viagem ao estrangeiro. Como será a visibilidade? A temperatura será a prometida? Como será o nosso guia e qual será o comportamento do grupo?

Felizmente que quase tudo correu pelo melhor. Água a vinte e oito graus, uma visibilidade superior a trinta metros e um guia simpático e eficiente contribuíram bastante para um excelente mergulho de estreia. Se um dos elementos do grupo não consumisse o ar a uma velocidade parecida com a do Airbus que nos trouxe a Varadero, tinha sido um mergulho perfeito.

A 30 metros de profundidade, jazia o SLETREA, navio polaco afundado há cerca de quarenta anos e ainda em excelente estado de conservação.

Descemos directamente para o fundo, de areia muito fina, a exigir cuidados redobrados para não levantar suspensão, sempre prejudicial para as fotografias. Seguidamente subimos para a zona da ponte, bastante mais interessante de explorar. A menor profundidade maximizava o tempo de mergulho e a possibilidade de esgotar as 36 fotos do rolo.

Para nossa surpresa, accionámos o fecho de uma das portas de acesso ao interior do navio e esta abriu-se sem dificuldade, convidando-nos à descoberta do naufrágio. Que pena o guia estar já a dar ao grupo indicação de subida. E ainda 120 bar na garrafa… Gastadores de ar! Despesistas! A poupar rolo e depois é isto!

Água cristalina e muitos cardumes


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Todas as estruturas do Sletrea estão ainda em bom estado


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Uma porta de acesso em perfeito estado de funcionamento!

Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

O infortúnio do NEPTUNO

Ainda não tínhamos chegado ao local do segundo mergulho e já a adrenalina a bordo tinha disparado a níveis elevados. No trajecto deparámo-nos com um tubarão baleia. Lançámo-nos à água de qualquer maneira e, apesar de breve, o avistamento deste animal soberbo e imponente deixou-nos sem fôlego, apesar de termos mergulhado em apneia.

Chegados ao local, esperava-nos outro naufrágio. A uma profundidade de onze metros, repousava o NEPTUNO, navio alemão afundado na década de vinte devido a uma explosão a bordo. Este acidente espalhou os destroços por uma área considerável, sendo ainda possível identificar algumas zonas do navio, em especial as caldeiras.

Estes destroços dão abrigo a muita e variada fauna e flora subaquática, sendo de destacar uma moreia verde residente. De porte assinalável, a moreia está habituada a ser alimentada pelos guias e é normalmente um dos pontos altos do mergulho.

Destroços do Neptuno


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

O Neptuno serve agora de refúgio a númerosas espécies


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

A zona das caldeiras do Neptuno


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Um dos pontos de amarração do Neptuno

Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Grutas e Cavernas

O nosso segundo dia de mergulho nasceu quase perfeito. Sem vento e com um “mar chão”, fomos saboreando a temperatura amena, à medida que o nosso barco ultrapassava os vários catamarans que diariamente levam os turistas a Cayo Blanco, não sem antes recolher dos pescadores locais as lagostas para servir ao almoço. Um luxo ao preço de um hamburger num qualquer restaurante nacional de fast-food.

Descemos pela popa do barco para as CLARABOYAS. A vinte metros de profundidade, podemos encontrar várias grutas de pequenas dimensões, passagens em arco e muitos buracos, todos eles repletos de vida.

É recomendável o uso de uma boa lanterna, para poder desfrutar plenamente deste mergulho. Não que seja fundamental, já que em água livre temos muito que observar, só que as melhores surpresas, como é hábito, estão entocadas.

Ficamos com a sensação de termos deixado ainda muito para ver, mas os “shakers” dos guias lá estavam a lembrar-nos que era hora de subir e voltar a bordo.

Uma das muitas grutas das Claraboyas


Nikon F 90X com objectiva Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite com janela plana e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

As águas quentes de Varadero estão repletas de espécies exóticas


Nikon F 90X com objectiva Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite com janela plana e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Claraboyas


Nikon F 90X com objectiva Nikon 60 micro. Caixa estanque Ikelite com janela plana e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

REMOLCADOR. Destroços com história?


Durante o repouso entre imersões, a nossa embarcação manteve-se fundeada no mesmo local. Depois de pregarem várias partidas a quase todos os mergulhadores, que se encontravam a observar os golfinhos que teimavam em não nos deixar, os divertidos guias lá nos chamaram para o segundo mergulho do dia.

Descendo pela proa do nosso barco, encontrámos a dezoito metros um rebocador da marinha cubana, que depois de limpo de óleos e objectos potencialmente perigosos para o ambiente e mergulhadores, foi afundado há mais de dez anos, propositadamente para o mergulho amador. Junto a ele jaziam alguns carros blindados do exército cubano. Surpreendentemente, quase todos eles possuíam ainda os pneus cheios, parecendo prontos a funcionar a qualquer instante.

Observando estes blindados, rodeados de peixes e parcialmente cobertos pela flora submarina, não podemos deixar de pensar em quantos deles terão estado envolvidos na atribulada história recente de Cuba. Quantos episódios teriam para nos contar?

Deixando os blindados para trás, regressámos ao rebocador, ainda em muito bom estado de conservação. Explorámos a ponte de comando, a zona da máquina e as engrenagens do reboque. Um mergulho fantástico, que iremos recordar para sempre. Junto ao cabo, durante a paragem de segurança, a excelente visibilidade permitiu-nos um último adeus ao REMOLCADOR e aos seus companheiros que gozam a paz do imenso azul.

O Remolcador


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Explorando o naufrágio


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Fauna abundante no Remolcador


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Engrenagens de reboque do Remolcador


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Carro de combate junto ao Remolcador


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

O Mário ao volante. Vejam no que deu...


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

O único carro de combate que ficou capotado


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

Com os pneus à pressão correcta!


Nikon F 90X com objectiva Nikon 24 mm. Caixa estanque Ikelite com domo 6' e flash Ai também da Ikelite. Fujifilm 100 asa.

RECOMENDAÇÕES

As marinas de Chapelin, Dársena de Varadero e Gaviota garantem todas condições e meios para a prática do mergulho com embarcações apropriadas, pessoal preparado, centros de enchimento de garrafas (incluindo o Nitrox), câmaras hiperbáricas e o transporte necessário para qualquer emergência.

No entanto, recomenda-se que leve todo o equipamento mais pessoal, tais como regulador, máscara, tubo e computador.

O transporte do hotel para a marina é assegurado por um autocarro do centro de mergulho, pelo que se recomenda que a chegada à entrada do hotel seja pontual, pois como o autocarro anda sempre atrasado, não espera por ninguém.

A moeda usada pelos turistas é o Peso Convertível (CUC), pelo que se deve retirar logo, no início, de parte o valor da taxa de saída (actualmente em 25 CUC) pois no aeroporto só aceitam CUC´s.

Apesar da boa visibilidade das águas, o transporte de uma lanterna pode ser uma boa opção para os buracos e interior das embarcações naufragadas. Como na sua grande maioria dos hotéis as tomadas são a 220 V, não existe problemas com os carregadores das lanternas.

Nos pagamentos são aceites todos os cartões do tipo Visa (ao contrário de todos os cartões de bancos americanos), no entanto, as compras pagas com esses cartões são taxados em onze porcentos, para além das taxas pagas posteriormente nos bancos portugueses.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O SANTUÁRIO DOS SARGOS


PORTUGAL PROFUNDO
O SANTUÁRIO DOS SARGOS
Publicado no Jornal Notícias do Mar
Texto: Mário Rocha
Fotos: Francisco Fonseca

Ao largo de Peniche podemos encontrar a Reserva Natural das Berlengas, que compreende uma área muito vasta de reserva marinha situada na envolvente do arquipélago. Local, cada vez mais procurado pelos amantes do mergulho, onde o mar, sempre celebrado pela sua transparência, é habitado por variados peixes, alberga moluscos e crustáceos bem como numerosas espécies de algas.

A nossa proposta de fim-de-semana fica num local diferente do habitual. Desta vez não estamos a mergulhar em locais abrigados pela costa, mas sim em mar aberto e ao largo das várias ilhas que compõem o Arquipélago das Berlengas. A cerca de oitenta quilómetros a Nordeste de Lisboa encontramos uma pequena cidade de pescadores, com as suas casas típicas e vista privilegiada para um imenso mar: Peniche. Região intimamente ligada ao mar, abundante em peixe, que faz o deleite dos praticantes da pesca desportiva e, como não podia deixar de ser, dos amantes do mergulho amador.

Sargos e mais Sargos

Antecipadamente marcámos a estadia no hotel e as respectivas saídas de mergulho com o responsável pelo centro de mergulho local. Após a concentração no hotel e o respectivo transbordo, em transporte do centro de mergulho, para o porto de Peniche, efectuamos uma agradável viagem, num semi rígido de doze metros, de trinta minutos até às Ilhas Estelas. O nosso primeiro mergulho, deste fim-de-semana, foi nos Grilhões. Nesta zona encontramos uma pedra de grande dimensão, que sai alguns metros acima do nível do mar e de onde nos observam vários corvos marinhos, seguida de uma pequena Baixa. Ao cair na água constatamos que existe uma ligeira corrente e a visibilidade, apesar da suspensão, atinge os doze metros. Apesar de facilmente podermos atingir os quarenta metros de profundidade, todo o nosso mergulho foi orientado por volta dos dezoito metros. As pedras são muito pobres em flora, e predominam os mexilhões. A quantidade de peixes que andavam a mariscar era grande, o que nos permitiu observar vários cardumes de diferentes espécimes e dimensões, onde dominam os Esparídeos (em especial os Sargos e as Bogas). Um pequeno cardume de Lírios, alguns Peixes Porco, Tainhas, Bodiões, Rascassos, Safias, Cabozes e Judias foram as restantes espécies observadas. Devido à corrente é aconselhável o contorno da Baixa. Para além de ficar-mos protegidos da corrente, podemos observar as diferentes espécies de peixes a alimentarem-se directamente na parede rochosa. O que mais nos impressionou neste mergulho (e que mais tarde iríamos verificar que era uma constante em todo o arquipélago) foi a quantidade e a dimensão dos Sargos observados em pequenos espaços. Facilmente nos víamos rodeados por grandes cardumes desta espécie. Após o mergulho deslocamo-nos para a Baia da Amarração, na Ilha da Berlenga, onde tomamos uma refeição ligeira, seguida de um merecido descanso. Alguns mergulhadores aproveitaram o momento para visitar o Forte de S. João Baptista, enquanto outros realizaram mais um mergulho nas grutas da baia.

Canyons e Grutas

O segundo mergulho do dia foi executado na Ilha da Berlenga. Numa baia em forma de ferradura conhecida por Cerro de Cão. O local é caracterizado por vários canyons dispostos paralelamente à linha da costa, que vão desde dos dezassete metros até aos seis metros de profundidade. No meio da baia encontramos uma gruta de dimensões interessantes, que permite a passagem do mergulhador, onde se recomenda a exploração dos buracos, com uma boa lanterna. Nesta gruta existem vários cardumes residentes. Este mergulho, que aparentemente seria o ideal para terminar calmamente o dia, veio a revelar bastante exigente pois durante a tarde levantou-se vento de Norte. Aumentou a ondulação e a corrente e, claro, diminuiu a visibilidade. A fola dentro dos canyons, tanto horizontal como vertical, era violenta, obrigando-nos a agarrar com força às rochas e dificultando imenso as operações fotográficas. Anémonas, Esponjas, Estrelas-do-mar e Ouriços-do-Mar podem-se observar ao longo das paredes dos canyons. Sargos, Salemas, Tainhas, Bodiões, Bogas, Salmonetes, Garoupas, Robalos e Badejos são as espécies dominantes neste local de mergulho.

Buracos, Tocas e Cavernas

O nosso primeiro mergulho de domingo foi realizado num local muito concorrido pelos pescadores desportivos (apesar de estar abrangido pela Reserva Natural das Berlengas), o que nos levou, no dia anterior, a adiar o mergulho neste local. A Baixa do Broeiro fica localizada nas Ilhas Estelas. Na realidade, esta Baixa é composta por duas pedras de grandes dimensões que estão localizadas numa posição muito próxima. Devido à corrente, recomenda-se uma descida pelo cabo e o constante contorno das rochas a meia água. A visibilidade ronda os quinze metros e a profundidade os vinte e cinco metros. No entanto, quanto menor for a profundidade maior é a quantidade de peixes observados pois estes vêm alimentar-se nas rochas. A parede virada a Este está mais protegida da maré, logo tem uma flora mais variada e rica. Por sua vez, a Oeste, mais desprotegida, predominam os mexilhões e a flora é pobre. Na parede Este podemos ver a rocha cortada por várias fendas, covas e buracos (neste local é recomendável o uso de uma boa lanterna) onde podemos encontrar, por vezes no mesmo buraco, Santolas, Navalheiras, Safios, Moreias e Camarões. Também podemos encontrar nesses buracos Polvos e Abroteas de grandes dimensões. Na parede encontramos uma grande variedade de Espirógrafos, Nudibrânquios, Anémonas, Cabozes, Rascassos, Ouriços (uns de grandes dimensões e outros mais pequenos que uma moeda de Euro) e Estrelas-do-mar. Por sua vez, na parede Oeste encontramos grandes cardumes de Sargos, Bogas e Salemas, para além de todas espécies habituais nestas águas, que podemos ver a alimentarem-se de pequenos moluscos, crustáceos, poliquetas e equinodermes. A Baixa do Broeiro é um local de mergulho onde se aconselha mais do que uma visita, em especial para observar os Safios (um deles tem mais de metro e meio) e as Moreias.

Finalmente a Bonança

Após uma ligeira refeição, novamente na Baia da Amarração, atravessámos um túnel natural e fomos parar à Pedra do Sono, local do segundo mergulho do dia. Local calmo, onde a corrente era quase inexistente. Nesta Baia, com uma profundidade máxima de dez e um fundo de areia, estão distribuídas várias pedras de diferentes dimensões. Nos seus buracos podemos observar várias Abróteas, Sapateiras, Navalheiras, Cavacos Cabozes, Rascassos, Ouriços e Polvos. Nas nossas deslocações, entre as diversas pedras, observámos alguns Polvos e Chocos, também eles em trânsito entre abrigos. Junto à costa a fola faz-se sentir, mas é um pequeno inconveniente para podermos visitar as sempre belas cavernas e grutas locais. No entanto, devemos ter algum cuidado, pois é neste local que se dá a passagem das embarcações de recreio para a visita às grutas. Também a saída de algumas grutas se pode tornar problemática e não aconselhável a todos os mergulhadores. Mais um belo fim-de-semana, dedicado ao mergulho, que chega ao fim, mas não sem antes observarmos, na viagem de retorno a Peniche, algumas dezenas de Gaivotas, em voou picado, a alimentarem-se dos muitos Caranguejos Pilado que nadavam a apenas um metro da superfície.

Grilhão - Berlengas


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 24mm em caixa estanque Ikelite c/ domo 6'. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Caboz na Cova do Sono - Berlengas


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Salmonete na Cova do Sono - Berlengas


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Baixa do Broeiro - Berlengas


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 24mm em caixa estanque Ikelite c/ domo 6'. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Cardume de Sargos em Grilhão - Berlengas


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 24mm em caixa estanque Ikelite c/ domo 6'. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

domingo, 12 de abril de 2009

CASCAIS - AO SABOR DA CORRENTE


PORTUGAL PROFUNDO – Ao sabor da corrente
Texto: Mário Rocha
Fotografia: Francisco Fonseca
Publicado no Jornal Notícias do Mar



Cascais é, provavelmente, um dos locais de mergulho menos conhecidos e procurados pelos amantes do mergulho em Portugal. No entanto, a sua localização geográfica permite-nos desfrutar do mergulho durante quase todo o ano. A sua costa Oeste e Sul é delimitada pelo Oceano Atlântico. Mas esta última, que se extende até ao estuário do Rio Tejo, é mais abrigada permitindo assim o mergulho quando as condições meteorológicas são mais desfavoráveis.


Desta vez, a nossa proposta de fim-de-semana fica muito próxima de Lisboa e num dos vértices da chamada Costa Estoril Sintra. No centro desta região (uma faixa com 20x40 Km) sobressai a magestosa Serra de Sintra (área classificada pela UNESCO como paisagem cultural património da Humanidade) que ajuda a definir sectores diferenciados sobre o ponto de vista climático. Esta diversidade permite-nos obter locais recomendados para todo o tipo de mergulhadores.

Entre moreias e marisco

Após a marcação dos mergulhos com Francisco Macedo, responsável pelo centro de mergulho local, o sábado ficou reservado para os mergulhos mais próximos da Marina de Cascais. Saímos para Oeste e numa rápida viagem de, aproximadamente dez minutos, chegámos à zona da Pedra da Moreia. Umas formações rochosas, com três a cinco metros de altura, onde podemos facilmente chegar aos quinze metros de profundidade. É uma zona para um mergulho calmo e descontraído, o ideal para começar a jornada. Ao cair na água constatamos que, apesar do vento vindo de terra, até estamos com sorte. A visibilidade atinge os dez metros, e quase não há corrente. Logo no início do mergulho encontrámos um polvo numa posição desafiadora, o modelo perfeito para as primeiras fotos do dia. As melhores surpresas estão reservadas nos buracos na pedra, que devem ser explorados com uma boa lanterna. As Moreias e os Safios são uma atracção deste mergulho, assim como a grande quantidade de Nudibrânquios, mas foi a grande quantidade de marisco que nos deslumbrou: Santolas, Lagostas, Lavagantes, Sapatateiras, Cavacos e Camarões. É um excelente mergulho para os amantes da Imagem Subaquática, em especial em macro fotografia.

O Hildebrandt

No segundo mergulho do dia, e ainda com o pensamento no peixe grelhado do almoço, fomos até aos Oitavos. Local próximo do primeiro mergulho, com uma profundidade de dez metros, é caracterizado por lajes de grandes dimensões onde podemos encontrar os destroços do Hildebrandt. Este navio cargueiro, transportando viaturas automóveis, naufragou em meados da década de cinquenta, do século passado, numa zona desabrigada e perto da costa. Apesar de bastante destruído e assoreado, ainda podemos observar parte da sua estrutura, que abriga numerosas espécies. Foi um mergulho longo graças à baixa profundidade em que pudemos observar várias espécies: Espirógrafos, Nudibrânquios, Estrelas-do-mar, Esponjas, Sargos, Bodiões, Polvos, Agulhinhas (também conhecidas por Marinhas), Rascassos, Cabozes, Fanecas e (também aqui) muito marisco.

Abençoado Nitrox

Para domingo ficaram duas saídas para costa Oeste. Mergulhos de maior complexidade e recomendados a mergulhadores experientes. A viagem dura apenas 15 minutos. Estamos na Pedra do Guincho. Sente-se alguma corrente e impõe-se uma descida pelo cabo. Encontramos bastante suspensão, que só melhora nos quinze metros. É um local caracterizado por lajes compridas, com paredes altas e inclinadas, intercaladas por longas línguas de areia. Dependendo da maré, podemos chegar aos trinta metros, pelo que se recomenda o uso do Nitrox aos mergulhadores certificados. As lajes estão totalmente cobertas por Anémonas, Espirógrafos, Esponjas e Estrela do Mar. Uma Navalheira e um cardume de Sargos foi a comissão de boas vindas. De seguida podemos observar um cardume de Fanecas logo seguidos por um Ruivo, alguns Bodiões e um Safio. É um local que merece mais do que um mergulho pois devido à profundidade o tempo de fundo é reduzido.

Mergulho a ocidente

A segunda saída do dia foi para zona do Cabo da Roca. Local conhecido por Pedra da Arca com uma profundidade de vinte metros é composta por um conjunto de rochas de grandes dimensões intercaladas por vales de fundo arenoso. Ao sabor das correntes, encontramos Espirógrafos, Gorgónias, Esponjas e Anémonas que se alimentam de pequenos organismos. Nalguns buracos podemos encontrar moreias, que à nossa passagem, procuram defender o seu território. Presença habitual neste local são ainda os Robalos de bom porte, Chocos, Polvos, Sargos e Bodiões e uma grande quantidade de Estrelas do Mar. Durante a paragem de segurança, aos cinco metros, observamos vários Peixes Lua em operações de limpeza dos parasitas. Assim terminámos mais um belo fim-de-semana com a promessa de voltarmos.

Estrela do Mar em Oitavos - Cascais


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 24mm em caixa estanque Ikelite c/ domo 6'. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Naufrágio do Hildebrante - cascais


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 24mm em caixa estanque Ikelite c/ domo 6'. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Cavaco na Pedra da Moreia - Cascais


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Marinha na Pedra da Moreia - Cascais


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Polvo na Pedra da Moreia - Cascais


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Ouriço do Mar na Pedra da Moreia - Cascais


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Caboz na Pedra da Moreia - Cascais


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 60mm micro em caixa estanque Ikelite c/ janela plana. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

FESTIVAL NO SUDOESTE

PORTUGAL PROFUNDO – FESTIVAL NO SUDOESTE

Publicado no Jornal Notícias do Mar

Imagem: Francisco Fonseca
Texto Mário Rocha

A zona Sudoeste do litoral Alentejano é um dos poucos locais, da costa portuguesa, ainda pouco adulterada nos seus aspectos naturais. Em plena costa Vicentina, e no extremo Norte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, encontramos Porto Covo. Local que oferece excelentes condições de mergulho, aliadas a boas visibilidades em águas quentes e azuis.

A nossa proposta de fim-de-semana fica num Alentejo diferente, marítimo. A cerca de duas dezenas de quilómetros a Sul de Sines encontramos uma pequena aldeia de pescadores, com as suas casas típicas e vista privilegiada para um imenso mar: Porto Covo. Região de praias de águas transparentes, abundantes em peixe, que fazem o deleite dos praticantes do windsurf, pesca desportiva e, claro, dos amantes do mergulho amador.

Mergulho no azul

Antecipadamente marcamos a estadia e as saídas de mergulho com o simpático Joaquim Parrinha, responsável pelo centro de mergulho local. O sábado ficou reservado para os mergulhos mais próximos da famosa Ilha do Pessegueiro (celebrizada pela canção de Rui Veloso e Carlos Tê). Saímos para Sul e numa breve viagem de cerca de quinze minutos chegámos à zona das Pedras dos Moinhos. Esta é uma zona de pedras de grandes dimensões, entrecortadas por pequenos vales de fundo de areia, que vão até aos vinte e quatro metros de profundidade. No barco, apesar de o mar se encontrar pouco agitado, facilmente notamos a presença de alguns mergulhadores recém certificados que procuram estas águas para as suas primeiras aventuras subaquáticas. Durante a preparação do equipamento fotográfico vamos ouvindo as exclamações dos nossos companheiros de mergulho e ao cair-mos na água constatamos que estamos com sorte. A visibilidade atinge os vinte metros (sim, repito, vinte metros), quase não há corrente e a temperatura da água varia entre os vinte graus, no fundo, e os vinte e dois graus à superfície. Logo no início do mergulho verificamos que a excelente visibilidade nos permite observar muitos cardumes de diferentes espécimes e dimensões, onde dominam os Esparídeos (em especial os Sargos e os Sargos Veados). A exploração, com uma boa lanterna, dos buracos nas pedras pode revelar algumas boas surpresas, pois as Fanecas e as Abroteas de grandes dimensões são frequentes. Salmonetes, Peixes Porco, Rascassos, Cabozes, Pargos Mulatos, Garoupas, Safias, Judias e um pequeno Mero completam o leque de espécies observadas neste inesquecível mergulho. No entanto, ficamos com a sensação que não vimos tudo, pelo que se recomenda mais do que um mergulho neste local.

Estrelas e Ouriços

Após um excelente almoço em terra, o segundo mergulho do dia foi executado em condições atmosféricas adversas. Durante a tarde levantou-se vento de Norte. Aumentou a ondulação e a corrente e, claro, diminuiu a visibilidade. O local, Pedras Altas, fica a sul da ilha do Pessegueiro e é caracterizado por rochas, que vão desde dos dezassete metros até aos oito metros, com umas pequenas cavernas e por buracos em forma de poços. Enquanto nas primeiras podemos ver diversas espécies de peixes e marisco, nos segundos dominam os Espirógrafos, Anémonas, Esponjas e Nudibrânquios de várias cores, Estrelas-do-mar e grandes Ouriços do Mar. Com uma profundidade máxima de dezasseis metros e uma temperatura da água de vinte e um graus, este foi um mergulho longo, onde podemos observar espécimes de razoável dimensão: Pargos, Sargos Salemas, Fanecas, Castanhetas, Polvos, Santola, Tainhas, Bodiões, Rascassos e Garoupas.

Túneis e Cavernas

O domingo amanheceu com um sol esplêndido, sem vento e com um mar quente, azul e calmo. O sonho de todos os mergulhadores. Tais condições de mar permitiram-nos sair mais para o largo, para as Pedras do Manel. Aqui podemos observar lajes de grandes dimensões, que sobrepostas, criam arcadas e túneis com um diâmetro de dez a doze metros, que transmitem aos mergulhadores sensações diferentes das habituais. Em dias de boa visibilidade é um local bom para fotografia de ambiente. Nalgumas lajes encontramos prateleiras onde a flora é exuberante. Nelas se protegem e alimentam Espirógrafos, Anémonas, Nudibrânquios, Cabozes de vários tamanhos e cores, assim como pequenos Crustáceos e Moluscos. Os Sargos Veados, Polvos, Sapateiras, Safios, Fanecas, Abróteas, Badejos, Douradas, Robalos, Garoupas, Safias, Bodiões e Judias são as espécies dominantes. Alguns deles deslocam-se em cardumes de apreciável dimensão.

… e Galerias

O segundo mergulho do dia fica a trinta minutos do Porto de Abrigo de Porto Covo. Angra da Serva é um local calmo, com uma profundidade de doze metros e óptimo para finalizar o dia com um longo mergulho. Num fundo de areia temos várias pedras encostadas, formando galerias, que vêm até à superfície. Também neste mergulho recomendamos o uso de uma boa lanterna para a exploração dos buracos e galerias, onde podemos descobrir agradáveis surpresas. Para além de todas as espécies de que já descrevemos nos mergulhos anteriores, podemos salientar um Ruivo que passou a “planar” por nós e um pequeno cardume de Pargos Mulato, também conhecidos por Roncador Pombo porque produz sons através do ranger de dentes internos. Para grande tristeza nossa, chegou ao fim mais um fim-de-semana dedicado ao mergulho, mas com a promessa de voltarmos, pois existem outros locais (são meia centena) não menos interessantes.

Porto Covo - Estrela do Mar em Angra da Serva


Nikon V com objectiva Nikon 20mm. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.

Porto Covo - Sargos na Pedra dos Moinhos


Nikon F 90X c/ objectiva Nikon 24mm micro em caixa estanque Ikelite c/ domo 6''. Flash Ikelite Ai. Filme Fuji 100 asa.